sexta-feira, 11 de abril de 2014


(Des)
legislize-se
(I)
legalize-se
A lei
não
vive
Oprime
Des-etique-se
ética
que?
Para...
Por...
quem?
Produzidas
Censurar!
Lei
Onde?
Quando?
(Des)legitimar
Criminalizar
Confirmar
Proteger
Manter
Eu
Você
Nós
Não
Eles!

(Miguel Coutinho Jr.)

Nunca viste tão florescentes uma árvore,
Ficarei ei a contemplar o suspirar do rouxinol naquele arbusto,
Ouça! Ouça rapaz como estão cantantes ás notas de meu violino,
E ao olhar tua face ao tocar teus lábios,
Iniciam-se nossos ósculos ardentes.
Anda! Acompanha-me? Veja o quão é transparente o rio,
Veja, olhe rapaz entre ás pedrinhas, olhe bem lá fundo,
Veja o quão é clara esta manhã,
O céu diáfano veja,
Ah! Que formosura esta lua.
Olha o ledo passarinho a cantar,
O cair das folhas sobre aquele banco,
O colorir das borboletas, veja, veja meu rapaz.
Que alegre campo!
Brincar por entre ás folhas, vamos?
Ver o cair das pétalas sobre nos,
E sobre nossos corpos exalar o cheiro de rosas,
E lamentar por cujo ‘amor’ que nus tens ao peito,
Vem, vem meu amor sentar aqui pertinho de mim,
Segurar minhas mãos e logo me despedir, vem,
E logo verá que breve o outono está a chegar.
Vem, vem aqui pertinho de mim ficar...

‘Araújo. Bruna Caroline’

Arritmo


é movimento
contínuo, descontínuo
arritmo

é dança
intuída, sentida
vertigem

fogos de artifício
à luz do dia
brilho

é amanhecer
nos teus braços e pernas
regaço

Eliane Barreto

Post original Arritmo

EXSICATA


Botão em flor, colhido ao fruto
Folha, fruto e raiz
Temporariamente guardados no frio escuro
para não perder cor, cheiro, forma e sabor.

Na urdidura do tear da vida, tear divino, puro
Divina Tecelã e fiandeiras
da vida colhem o melhor
Levam poetas e gênios, para si;
quase sempre muito cedo.

Da luz increada para a luz
Rouba o poeta a poesia
dando vida ao obscuro
cor à luz da vida, policromia.

Como aquele que subiu ao Olimpo,
roubou o fogo e deu aos homens
Poetas foram acorrentados a grandes pedras
por verem do homem a luz e a sombra.

Unindo-se ao espírito em busca da alma
roubando da morte a verdade escondida
entregam-na como flores colhidas no escuro
entregam-na à noite na certeza de um novo dia.

Fria exsicata, colhida tão cedo da vida e do tempo
guardaste em ti o calor da alma ao vento
as belezas que aos olhos do poeta, e ao seu coração,
fora insuportável de guardar só para si
Sem medo de ser feliz, partilhar sua visão de mundo.

Louco poeta que enfrenta a fúria do tempo
como uma pena que enfrenta o vento, leve como a alma.

REFERÊNCIA:
ALENCAR, Pedro. Exsicata: coletânea de arroubos poéticos e outras loucaventuras alquímicas. Teresina: Gráfica Arco Íris, 2013, 116p. [Poema "Exsicata", pp.46-47].

Pedro José de Alencar. Exsicata. Disponível em <http://aureojoao.blogspot.com.br/2014/03/pedro-jose-de-alencar-2013-exsicata.html

Saudades da nossa música


como é difícil estar num lugar
querendo estar em outro
conversar, sorrir, comer, beber
sentindo-se numa câmara lenta
assistindo a dois filmes ao mesmo tempo
um que se passa diante dos meus olhos
e o outro dentro deles
você está em mim
conversando, rindo, comendo, bebendo comigo
mesmo quando está ausente
e essa doce ilusão me mantém em sobrevida
o coração num compasso de espera
até que novas notas apareçam na nossa partitura

Eliane Barreto

Post original Saudades da nossa música

Depois do final feliz.


E depois de conseguir tudo?
Depois de chorar o oceano
pra se conseguir uma gota de felicidade
E depois que você finalmente consegue
O final.
E o fogo queima até virar orvalho
Que se a vida não finda enquanto a morte não vem
E o faniquito de felicidade posto no estado ser
se eterniza...
Por que seria você o mestre a subir os créditos?

Assinado eu

Uma cachaça bem tomada
Faz qualquer memória reprimir
Algum fato desajustado
Que você fez antes de dormir

Ana Ribeiro

Você sabe aonde eu moro
Sabe o meu telefone
Sabes até das feridas que ainda doem
Mas não me procura...
Não diz que essa dor também é sua!
As vezes no frio da noite serena
Digo que não te desejo mais
Mas do nada o vento vem
Trazendo teu cheiro
Aquele cheiro de saudade
Mas o que fazer?!
Se tenho uma certa queda pelo amor distante...
Este meu coração vadio ainda me leva a falência!
Sisma de querer você
A ferro e fogo
Com gozo e lagrimas...
Coração milindroso
Ainda te coloco na gaiola!
Mas... Você sabe aonde eu moro
Sabe o meu telefone
Sabes até das feridas que ainda doem
Mas não me procura...
Me deixa solta na multidão
Deixa a dor sufocar
Não vem gritar aos quatro ventos
Que sou tua mulher.
Diz que o tempo resolve tudo
Que ninguém morre de amor
Diz até que este sentimento é doença
Você diz tudo...
Menos que ainda existe amor!
Aí em meio a este maremoto sentimental
Os meus cacos se encontram no botiquim
Os remendos são feitos pelo samba antigo
Tinjo as cicatrizes com alguma conversa vulgar ...
E mesmo com tudo isso
Você sabe aonde eu moro
Sabe o meu telefone
Sabes até das feridas que ainda doem
Mas não me procura...

Yara Silva

Fetiches


eu namoro
se tu me namoras
como ela nunca te amou

em pele, carne viva
a alma nua e tua
impura, só a língua

Eliane Barreto

Post original Fetiches

RE-VI-VER


íris em rotação
sol partu(rindo) lua
céu compõe estrelas
chuva em ditongo
olhos torrenciais
boca convectiva
mãos em nimbo
passos e erosão
a rosa revive

Y.M.

Parece que cada letra junta a outra letra e vai sumindo na imensidão da mente
Em um turbilhão de palavras e nomes que se dissolvem no mar do conhecimento
Molécula do saber que atordoa durante dias
Num tic tac ininterrupto de hora em hora
Ahhhh, sai da mente, doces palavras.
Do peito à alma
Vaza, extravasa, inunda, consome e tic tac!
Varre a lição do dia a dia
Tic e tac, tic e tac e mais tic tac
Horas contadas e reduzidas em 4, 3, 2,... Não chega ao número 1!
Ahhhh, horas, palavras, sílabas, letras... Provas
Prova, prova, prova, prova...
Mundo preso em numerações
de 0 a 10
e por que não acrescentar décimos e centésimos?
A exatidão só é útil quando é conveniente
Respirar em números
Horas, notas, sílabas
A, b, c, d ou e??
A-l-i-e-n-a-ç-ã-o
Doutrinação
Prove que a prova é prova!
Marque, escreva, apresente, discuta.
Falta apenas uma hora.
Miséria, apenas uma hora!
E entre somas e divisões
Uma média que decide seu futuro
Sua correria do dia a dia
Almoço, sono, futuro.
Cultura e educação
Em segundos de uma real alucinação
Conhecimento fluindo por entre os dedos
Repetidos num tic tac alucinante
reproduzidos como verdade idealizante
num rotina de um estudante
Cansado de ser apenas mais um com tantos medos

Miguel Coutinho Jr.

Ah esse amor desmedido...
Que nos invade e se torna parte de nós mesmos.
E na individualidade, sentimos falta daquilo que somos quando estamos juntos.
Porque na unicidade, não somos dois, somos um, em nós mesmos.
Quando me perco, eis que me encontro em você.
E me reconheço como parte do todo que sou, com a parte que me completa em você.

Luciana Abreu

Há ditadores que são contra ditaduras
Há opressores que são contra opressões
Há governantes que desejam a emancipação do povo
Há libertação e mudanças no Sufrágio Universal
Há justiça no mundo
Há, até, ironia nestas palavras

(Miguel Coutinho Jr.)

Monstro Rotulado


Sinta o cheiro
Mas não encoste
Somos rótulos
E rotulamos
Aceite o espancamento  e o estupro de valores
Eles apontam para você
Querem que você seja um espelho de seus vermes interiores
Não seja!
Mas já somos
Somos um monstro rotulado
Um grande ceifador de tempo e sonhos
Somos sociedade
Ame a sociedade
Seja
Vote
Aceite
Morra
E por fim será julgado por seus rótulos incompatíveis ao do grande monstro que somos

Viva a sociedade!

Bernardo Moraes

Carta poética para um amigo


Aspirei a fumaça do desespero
e de repente vi corpos no chão
Barulhos
Paaahhh!!!
Lágrimas, gritos.
Mais uma mãe em prantos
Dois meninos, dois jovens
Não é mais um acidente
é mais um pobre, negro e marginalizado ensanguentado no chão!
Liguei a tevê
Mais uma moça trêmula no chão
Não é vitória da seleção
é mais 65% achando normal
A normalidade da violação, do trauma, da imundice humana
Comprei mais um pastel
ali no Centro com caldo de cana
No mesmo momento um ser no meio do lixo
Não era um cão, não era um gato, o fim deste verso nós já sabemos.
Lágrimas, sangue, dor, dor, muita dor
Tanta dor, tanto ódio, tanta, tanta, tanta...
Revolução
Mas apenas um rapaz latino americano
sem porra nenhuma no bolso
com sonhos e revoltas
Um cabelo comprido e uma barba pra fazer
já não se contenta com apenas vinte centavos
Cresce a flor no seu coração
fermentada de amor e indgnação
Démodé e à la vonté menosprezando a riqueza
Sonhando que se ultrapasse o simples pedaço de papel
Em luta horizontal com 2 meninos, uma menina e um homem no lixo
Cantar, cantar, cantar
Não tendo vergonha alguma de ser um eterno aprendiz
Bravo, o grito do oprimido
Bravamente como um ser Valente
Amigo, seu sangue já não contenta a imunologia do capital
Bora, pega tua indignação e "pixa"
"Pixa" a incoerencia da contradição de ser jovem e não ser revolucionário
Avante amigo, avante!!!
(Miguel Coutinho Jr.)

Se virar ao avesso
Ainda serei eu,
Se cruzar
Tangenciará a mim,
Se mudar o ângulo
Posso mudar o referencial
E tornar teu olhar o meu,
Se tentar mudar todos os "ses"
Eu mudarei todos os eus
E me farei tua.

(Ana Paula)

Saudade é aquela coisinha pequena
que formiga aos poucos de forma serena
Por infelicidade, vai crescendo
vai crescendo, vai crescendo
Chegando ao ponto de lembranças serem tão reais
e os sentidos tão materiais
que o coração aperta
ficando tão alerta
que a mão gela em dose certa
Ah, saudade
firme, forte relembra felicidade
trazendo consigo a ansia do tempo
que parece tão perto, mas é tão distante

(Miguel Coutinho Jr.)

Eu gosto das mulheres galinhas!


Elas sim são mulheres de verdade.
Elas não camuflam desejos
Não fingem orgasmos
E não tem pena dos corações bobos
A mulher galinha deseja
A mulher galinha abraça
A mulher galinha tem cheiro de verdade
Alguns dizem para não confiar
Outros dizem " curta com elas, apenas..."
Pobres mortais ...
Esquecem que elas são o próprio desejo
A própria luxúria !
A mulher galinha me beija diferente
Me devora diferente
Até me ilude de maneira diferente
Deve ser pelo simples fato
Dela ser filha das ruas
Afilhada das putas
E protegida dos boêmios
Só assim , para ter tanta certeza
Tanta vontade
Tanta falta de pudor.
Ela é a leoa , a raposa a espreita
Ela é o predador analisando a presa
Ao mesmo tempo
É aquela de sorriso manhoso
Que adora poesias ao entardecer
Pena que os garotinhos não entendem isso
Pena que eles não percebam
Como ela se deleita
Vendo tanta inocência
Tanta mesquinharia
Tanta insegurança.
Os pensamentos dela vão muito além disso
Os sentimentos dela estão guardados
No baú da desilusão
fechado com a chave da segurança de saber bem o que se é!
Por estas e por outras
Desejo que encontres
Uma mulher galinha
Que te faça rir
Que te faça gemer
E que no final te faça sofrer
Pois neste momento
Seras homem
Saberá que o prazer e a liberdade
Também ferem a carne de vez em quando ...
E que não a nada mais lindo
Do que ser o dono do amor
Da mulher galinha.

Yara Silva

Escrevo...


Escrevo para lembrar
Escrevo para esquecer
Escrevo para lembrar de esquecer
Das noites que choro
Dos dias que transbordo
E das madrugadas em que enlouqueço no quarto escuro
Escrevo pelas lembranças
Escrevo pelas feridas que nunca cicatrizam
pelos momentos em que a tua face
Vem nas minhas retinas evidenciar
Que a tua presença não esta aqui
Escrevo para que a solidão
Não coma o resto de sanidade que possuo
Escrevo para não desabar
Para afirma minha existência
De pessoa sem controle que respira
E sente amor , dor e solidão.

Yara Silva

No repousar da tarde ao fim do dia,
Acalentada ao balançar naquela rede, estava.
Dedos entrelaçados, peito descontrolado,
E ali guardava o beijo molhado,
No infinito dos teus olhos,
Via-se que era ali feliz junto aquela mulher,
Moça que por ti há tempos venho a esperar,
Me segura ás mãos e deixa lhe, eu te beijar,
E logo aquela moça lembrava-se da definição,
De amor que aquele rapaz lhe dava,
E lhe despertava no peito um querer,
Mais que bem quer, um está preso por vontade,
E lembrara-se de camões em suas cartas,
‘ Anoitecer estrelados, ao balançar de uma rede eu o beijava’.

'Araújo. Bruna Caroline'

Seu Puliça da Presidente Kennedy


De que me vale ter em minhas mãos o dom do raciocinio
se me privas de falar?
De que mundo vem o seu mundo que me tesce a indagação
de que lado você está?
De que material você é feito para me privar as expressões?
De que barranco você desmorona para
me bater
me perseguir
me vigiar
me caluniar
me humilhar
me xingar
me oprimir?
De que Cracia do Demo tu me impedes de apenas ir e vir?
Trabalhador do aparato,
ordenado
castrado
imutável
alienável
minguado ao barato
Filho da força, trabalhado no Estado
Não sabes pra que bate, não sabes pra que late
Acoleirado seguindo
para um Estado falindo
Sem pespectivas reais
de avanço perene
vindas dos teus olhos
que bravam e desejam sucumbir
os meus sonhos fraternais

(Miguel Coutinho Jr.)

Versos de um revoltado


Eu corro, eu luto, eu contesto
Grito, leio e não me molesto
Sofro, indago e não me entrego
Choro, me pergunto e do caos nunca nego
Levanto minha bandeira
sem eira, nem beira
Discursando frases espinhosas
que arranham cabeças melindrosas
Acostumadas com a comodidade da capitação
Mas enquanto houver coração
E neste peito bater
Vou combater
O poder, a desigualdade e a exploração
Sempre buscando a conquista do pão!

(Miguel Coutinho Jr.)

L-U-A QUARTO CRESCENTE


sinto-me lua
presa a gravidade
que de tão distante
não toca estrelas,
mas vive em um céu
que não pode ter
brilha de longe,
controla marés
traz conchas à areia,
faz de mim deriva
navegador solitário
em mar e lágrimas.

Yana Moura

Melancolia


Uma aflição dentro de mim.
Um erro que se multiplica.
Com palavras não será possível expressar tamanha dor.
Um medo avassalador.
Uma aflição inexplicável.

Autor: Dhiogo Jose Caetano

Eu preciso olhar pra rua


Eu preciso olhar a rua
Preciso caminhar pelo centro da cidade
Em um domingo sombrio
Onde o único som a ser ouvido
É dos meus passos
Preciso ir ao botequim
E ver escrito nas paredes "A loira é sutil"
Eu não suporto mais
Solidão acompanhada
É necessário algumas noites de pura e simples solidão
Já não aguento
Eu quero sofrer um pouco
Mesmo sem motivo aparente
Sim, eu tomei gosto pela solidão
Sim, as vezes o horizonte vazio me interessa !
Mas na realidade
Eu só preciso olhar a rua
Falar com estranhos
Como se eles fizessem parte da minha vida...
Eu preciso sentir a imundice , a lama
Até mesmo pra saber
Se eu ainda quero voltar
Para tanto carinho, tanta carência
Pra tanta sentimentalidade barata.
Podem até dizer que eu não valho nada
Que gosto de sofrer
Ou até mesmo que meu lugar
É junto dos bebuns .
Mas eles não entendem
Que no fundo , no fundo
Eu só queria saber
O porquê de eu não esta na rua.
E no mesmo instante
A madrugada chega ao fim
E eu vejo o sol queimar seu corpo
A naturalidade com que você abre os olhos
E sussurra que o " Amor é sutil"
E que os beijos mais lindos
Tem gosto de café e pão
Neste instante
Eu quero ver a rua que existe
Em baixo dos teus pés
As pessoas que te olham com candura
E as vezes que você se estressa no transito
Neste momento eu irei acalmar minha mente insana
Mostrando o porquê
De não ir olhar a rua...

Yara Silva

Deverias esquecer todas ás lembranças que trago ao peito,
Tal como quando me esqueci de te esquecer nestas noites de invernos,
Deveria não mais te lembrar, mais este amor que cala e consente, ele não me atende.
E lembro-me da última primavera que vivemos, na qual adormeci em teus braços,
Ao calor dos teus beijos e ao teu afago, comparando-me mal ao amor e a fé dos desesperados,
Um estalo vez e outra aos lábios se tocarem, um afago, e sempre a mesma melancolia,
E aquela poesia que me supõe ao peito em teu leito que um dia fora-me dita.
Eis no meu peito sempre trazida.
E porque dos desencontros? Meu caro lamento.

Bruna Caroline

Poeta sem inspiração
é como botão de flor fechado,
gado preso na cancela,
é feito amor enclausurado...
Tristeza imensa o consome e o tortura
sem que, no entanto, consiga lhe esmorecer
pois à medida que a palavra falta...
Ah! Sobra-lhe vontade de dizer!

Ravenna Scarcela

domingo, 6 de abril de 2014

Esfinge



Ei, você!
É, você mesmo!
Você que me lê
Você que me vê

E pensa que me conhece
Pensa que me apetece
Mas não sabe de fato
O que acontece comigo

É pra você que lhe digo:
Aproveite a promoção
Onde você me desvenda
E, de quebra, leva meu coração

Contudo, tem uma condição
Pra essa oferta imperdível
Melhor que liquidação:
Ao entrar, não poderá sair

Não vale roubar
Não vale mentir
Decifra-me ou devoro-te
E então, o que me diz? 


Hannah Cintra

Babuína Boboca Balbuciando Sem Bando



E quando me deito no meu leito
Penso que não há mais jeito,
Não há mais nada a ser feito

Que não passei de mais um corpo
Mas já passei de mais um copo
Pois passei por poucas e boas
E também deixei passarem coisas

Fiz papel de boba
Mas pra mim já basta
Chega de papo besta

No fundo não passei de mais outra pessoa
Que simplesmente passou na sua rua
Na sua casa, na sua vida,
Mas já estou de partida
Minha passagem é só de ida:
Vou-me embora pra Parságada
Para nunca mais voltar.


Hannah Cintra



A Chave Mestra



Se eu achasse a chave
Que me desse as respostas
Pro que eu quisesse perguntar

Questionaria agora:
Por que você foi embora?
E te pediria antes de fugir
"Por favor, não se vá
Fique comigo aqui."
Se você não mentir...

Eu só queria saber:
Como vai você?

Se eu achasse a chave
Que abrisse todas as portas
Que eu quisesse atravessar

Iria sem demora
Pro lugar onde você mora
E te pediria antes de abrir
"Por favor, me deixa entrar
Pra nunca mais sair."
Se você permitir...

Eu só queria dizer: 
Foi muito bom te ver.


Hannah Cintra